terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Garça-branca-pequena

(Egretta garzetta) - Lineaus, 1758.

De penugem completamente branca caracteriza-se pelo bico preto, as patas pretas e os pés amarelos.

Em Portugal continental distribui-se por todo o território, com maior incidência na faixa costeira. Pode ver-se em águas pouco profundas, preferencialmente salobras, em estuários, lagoas costeiras e também em valas, arrozais, açudes, pauis e barragens.

Alimenta-se de pequenos peixes, crustáceos, anfíbios, insectos, minhocas, caracóis e até de pequenas cobras. Na procura de alimento pode deslocar-se a distâncias superiores a 20 Km do ninho.

Nidifica sobretudo em árvores altas e em  rochas e falésias.

O casal, que apenas se mantém na época da nidificação, é monogâmico. As crias, que beneficiam dos cuidados de ambos os progenitores, só abandonam o ninho quando atingem a capacidade de voar.

Os diversos tipos de poluição das águas, a desastrosa intervenção humana, nomeadamente na drenagem de zonas húmidas para aproveitamentos agrícolas, a colisão com linhas eléctricas  aéreas e outros tipos de perturbação nas áreas de nidificação constituem sérias ameaças para esta espécie.

Reino:      Animalia
Filo:        Chordata
Classe:   Aves
Ordem:   Ciconiiformes
Família:  Ardeidae
Género:  Egretta
Espécie: E. garzetta


                               Imagens captadas no estuário do Tejo, em Paço de Arcos






















domingo, 18 de dezembro de 2011

Boas Festas, próspero Ano Novo.

Para amenizar as agruras da vida resultantes da situação de crise em que nos encontramos, quero desejar a todos os visitantes muita saúde e pedir-lhes que continuem a acreditar. 

Nunca percam a capacidade de sonhar.

Se preservarem o ambiente, preservam a vossa própria saúde e vão, certamente, ser bem mais felizes!
                                 


                                (Egretta garzetta) - imagem captada no estuário do Tejo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Garça nocturna (goraz)

(Nycticorax nycticorax) - Linnaeus, 1758.

De tamanho médio, com cerca de 60 cm, esta garça caracteriza-se pelo seu aspecto atarracado que advém do facto de possuir um pescoço muito curto (quase inexistente). A cor branca das penas do ventre  opõe-se à das asas e da cabeça  que são pretas. Nos flancos são cinzentas.  As patas são amarelas e os olhos avermelhados. A plumagem dos juvenis, diferente da dos adultos, é castanha com manchas creme. Fora da época de nidificação é nocturna, sendo possível observá-la ao anoitecer ou ao amanhecer. De dia esconde-se no meio da vegetação.

Alimenta-se sobretudo de peixes, anfíbios, insectos, crustáceos e pequenos mamíferos. Em caso de necessidade pode também comer repteis, moluscos e mesmo vermes e aranhas.

Nidifica em árvores, junto a áreas húmidas (cursos de água, açudes, barragens e pauis), sendo a zona de Lisboa e Vale do Tejo a mais privilegiada. Durante a época reprodutiva, que se inicia em Abril, ambos os sexos participam na construção do ninho e na incubação dos ovos, em número de (até) 5 de cor esverdeada ou verde-azulada. Estamos em presença de uma espécie monogâmica. A incubação prolonga-se por cerca de 21 dias. As crias ganham a sua autonomia aos 40 a 50 dias de vida.

Considerava-se como dado adquirido que, na Europa, esta espécie emigrava para África no Outono, em Setembro e Outubro. As imagens apresentadas foram obtidas no dia 21 de Novembro, dois dias após a queda de chuva intensa no local, que provocou grandes cheias, pelo que não me repugna nada aceitar que também esta espécie, à semelhança de outras, tenha já a tendência para começar a permanecer entre nós durante todo o ano.

Em Portugal é já notória a escassez  desta espécie, estima-se que existam entre 30 a 50 casais. Calcula-se que a população de ardeídeos tenha sofrido uma redução de 50% em 10 anos. A tendência para o desaparecimento dos locais propícios para a nidificação  e alimentação tem contribuído para a sua rarefação, devido sobretudo à drenagem, ao aproveitamento para pastagens, ao corte de árvores, à promoção de actividades náuticas, à poluição de cursos de água por efluentes domésticos e industriais, à instalação de parques eólicos em corredores de migração. Em toda a Europa estima-se entre 50.000 a 70.000 a população de casais reprodutores. Cerca de metade concentram-se em Itália e  na Rússia.

Reino:     Animalia
Filo:        Chordata
Classe:    Aves
Ordem:   Pelecaniformes
Família:  Ardeidae
Género:  Nycticorax
Espécie: N. nycticorax


                            Imagens captadas em Oeiras, nas margens da Ribeira da Laje








sábado, 12 de novembro de 2011

Joaninha-de-sete-pontos

(Coccinella Septempunctata) Linnaeus,1758

Joaninha é designação comum dada a insectos coleópteros da família coccinellidae. Com o corpo oval, têm cabeça pequena com duas manchas brancas laterais, seis pernas muito curtas e asas membranosas revestidas de quitina e com cores vistosas. O seu comprimento é de 7 a 8  milímetros.

 Os adultos distribuem-se pelas culturas, onde procuram as presas de que se alimentam.  Passam por metamorfose completa. As fêmeas efectuam posturas diárias de 20 a 50 ovos, durante a Primavera. A eclosão ocorre até cinco dias depois. Decorridos cerca de 20 dias, ao estado larvar segue-se a pupa, que, por sua vez, atinge o estado adulto após 12 dias. As  fêmeas adultas estão aptas a iniciar a postura ao fim de 10 dias. Durante o Inverno hibernam em locais protegidos, perto dos campos onde se alimentam.

Pulgões, piolhos, moscas da fruta e outros insectos nocivos para as plantas constituem a sua dieta alimentar. Na sua qualidade de predadoras de pragas são grandes aliadas dos agricultores.

Existem à volta de 4500 espécies e 350 géneros identificáveis pela cor e pelas pintas da carapaça.
Algumas espécies, por alguns, consideradas invasoras nos EUA foram, afinal, lá artificialmente introduzidas com o fim de  se fazer o biocontrole de pulgões. Existe, aliás, um florescente negócio que consiste na sua comercialização.

Reino:           Animalia
Filo:              Arthropoda
Subfilo:         Hexapoda
Classe:         Insecta
Ordem:         Coleoptera
Subordem:    Polyphaga
Família:        Coccinellidae
Género:        Coccinella
Espécie:       C. Septempunctata

                 Imagens captadas na Quinta da Casa Nova, Cortiçadas, Montemor-o-Novo








quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Barata da Praia (ou Barata do Mar)

(Ligia oceanica) -  Linnaeus, 1767

Os crustáceos com 7 segmentos torácicos distintos e sete pares de pernas semelhantes são designados por isópodes. Na cabeça são portadores de dois olhos escuros, compostos (semelhantes aos dos insectos) e um par de antenas, cujo comprimento é equivalente a 2/3 do comprimento total do corpo. Em cada segmento possuem um par de pernas. Na extremidade posterior dispõem de dois apêndices que se ramificam (cada um deles) em outros dois. O seu comprimento pode variar entre 2 a 3cm, podendo o macho atingir os 4cm.

Vivem em pequenas cavernas e nas fissuras das rochas. São terrestres mas necessitam de ambientes muito húmidos. Podem ser vistos nas costas rochosas marítimas fortemente batidas pelas águas. É nos dias mais nublados que mais se podem observar.

Alimentam-se de algas e de restos de origem vegetal ou animal que encontram na praia (detritívoros).

Reproduzem-se várias vezes por ano, gerando 100 crias de cada vez. Desenvolvem-se directamente, transportando (as fêmeas) os ovos num saco até á sua eclosão.

Devido ao seu aspecto são, em geral, repudiadas pelos banhistas, mas são inofensivas para o homem.

Às espécies de grande distribuição e de que se desconhece a origem geográfica, como acontece com esta, são designadas por criptogénicas.

Quando habitam ambientes contaminados, dada a sua natureza detritívora e devido à sua abundância, acumulam grande quantidade de metais pesados, pelo que são frequentemente utilizados como modelos em ectotoxicologia e como biomonitores durante processos de fitoremediação desses ambientes.

Reino:     Animalia
Filo:        Arthropoda
Subfilo:   Crustacea
Classe:   Malacostraca
Ordem:   Isopoda
Familia:  Ligidae
Género:  Ligia
Espécie: L. Oceanica


                                           Imagens captadas na Praia Grande, Sintra







segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Borboleta do medronheiro

(Charaxes Jasius) - Linnaeus 1767

Como insectos que são, as borboletas têm o corpo segmentado em três partes: cabeça, tórax e abdómen. Na cabeça inserem-se os olhos, as antenas, os palpos labiais e a espirotromba (tubo flexível enrolável que utilizam para sugar o néctar das plantas), que, em conjunto, constituem os órgãos sensoriais. No tórax inserem-se as quatro asas e as seis patas.  Têm o corpo mole e revestido de escamas pigmentadas.

Tal como outros insectos, são polinizadoras, desempenhando assim um papel importante na dispersão das plantas. Contribuem também para o equilíbrio de cadeias tróficas, uma vez que as lagartas e os imagos servem de alimento a muitas aves insectívoras. A sua abundância ou raridade, numa determinada região, pode servir de bioindicador sobre o estado do meio ambiente, dada a sua sensibilidade á variabilidade de certos parâmetros.

Os machos, em geral mais atraentes, são portadores de androconia (estrutura glandular, nas asas, produtora de um odor, cuja utilidade consiste na atracção do sexo oposto).

Até serem adultas, as borboletas, passam por diversas fases (metamorfoses): ovo, larva ou lagarta, crisálida ou casulo, imago e adulto. 

Não é conhecido o número exacto de espécies mundialmente existentes, mas calcula-se que ronde cerca de 165 mil, sendo  90% nocturnas (Heterocera) e só 10% diurnas (Rhopalocera). As nocturnas podem  deslocar-se tanto durante a noite como de dia, enquanto que as diurnas apenas voam de dia.  Na Península Ibérica estão inventariadas mais de 4.300 espécies. Só em Portugal conhece-se a existência de mais de 2.400 (cerca de 55% da leptidopterofauna Ibérica).

A Borboleta do Medronheiro, cujas imagens podem ser observadas em baixo, é considerada a maior borboleta da Europa. A sua envergadura pode atingir mais de 80mm, sendo as fêmeas de maior porte. Possui duas caudas nas asas posteriores. Por isso os Ingleses conhecem-na pela designação comum de Two Tailed Pasha.

Pode ver-se desde o final do Inverno até ao princípio do Outono.

 O seu nome advém do facto de o medronheiro ser a sua planta hospedeira, de cujas folhas se alimentam, em exclusividade, as larvas desta espécie. No estado adulto é atraída por odores fortes, nomeadamente de excrementos e (sobretudo) de frutos muito maduros. Algumas das imagens foram obtidas quando se alimentava sorvendo o suco de um dióspiro.  Foi para mim muito interessante constatar uma curiosa competição entre borboleta e vespas e até mesmo moscas  (mantendo-se estas mais afastadas) em animada disputa pela posse do alimento. 

A fêmea põe ovos nas folhas da planta de forma dispersa quando dispõe de alimentos em abundância. Quando estes escasseiam põe até 12 ovos numa única folha. O ovo, com o diâmetro inicial de 2mm, passa por três colorações:  primeiro amarelo, depois adquire uma auréola castanha e termina com a cor castanho-terra.

Quando se verifica a eclosão, a lagarta mede 3mm de comprimento e cresce entre 1 a 3mm por dia. Ao fim de 10 dias já tem 19mm e nasce-lhe o primeiro olho. Ao 20º dia atinge os 33mm e surge o 2º olho.

O seu primeiro alimento é a casca do ovo, passando em seguida a alimentar-se das folhas do medronheiro. A princípio tem a coloração amarelo torrado, passando a verde-claro, torna-se mimética (com a mesma cor das folhas) aos cinco dias. A cabeça é provida de uma carapaça, com quatro cornos, que salta a cada mudança de pele.

Com 50mm a lagarta inicia a última fase da metamorfose. Nesta altura, certos parasitas perfuram a crisálida com o ovipositor e colocam os ovos no seu interior, aproveitando-se da imobilidade da lagarta. Esta pendura-se pelo cremaster no caule ou na parte inferior de uma folha, formando um círculo. Aguarda imóvel a retracção da pele, no sentido oposto à cabeça. Fica envolvida por uma cutícula que endurece e a protege até à eclosão do insecto perfeito. 

Reino:          Animalia
Filo:             Arthropoda
Classe:        Insecta
Ordem:        Leptidoptera
Família:       Nynphalidae
Subfamília:  Charaxinae
Género:       Charaxes
Espécie:      C. Jasius



                 Imagens captadas na Quinta da Casa Nova, em Cortiçadas, Montemor-o-novo