segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Borboleta do medronheiro

(Charaxes Jasius) - Linnaeus 1767

Como insectos que são, as borboletas têm o corpo segmentado em três partes: cabeça, tórax e abdómen. Na cabeça inserem-se os olhos, as antenas, os palpos labiais e a espirotromba (tubo flexível enrolável que utilizam para sugar o néctar das plantas), que, em conjunto, constituem os órgãos sensoriais. No tórax inserem-se as quatro asas e as seis patas.  Têm o corpo mole e revestido de escamas pigmentadas.

Tal como outros insectos, são polinizadoras, desempenhando assim um papel importante na dispersão das plantas. Contribuem também para o equilíbrio de cadeias tróficas, uma vez que as lagartas e os imagos servem de alimento a muitas aves insectívoras. A sua abundância ou raridade, numa determinada região, pode servir de bioindicador sobre o estado do meio ambiente, dada a sua sensibilidade á variabilidade de certos parâmetros.

Os machos, em geral mais atraentes, são portadores de androconia (estrutura glandular, nas asas, produtora de um odor, cuja utilidade consiste na atracção do sexo oposto).

Até serem adultas, as borboletas, passam por diversas fases (metamorfoses): ovo, larva ou lagarta, crisálida ou casulo, imago e adulto. 

Não é conhecido o número exacto de espécies mundialmente existentes, mas calcula-se que ronde cerca de 165 mil, sendo  90% nocturnas (Heterocera) e só 10% diurnas (Rhopalocera). As nocturnas podem  deslocar-se tanto durante a noite como de dia, enquanto que as diurnas apenas voam de dia.  Na Península Ibérica estão inventariadas mais de 4.300 espécies. Só em Portugal conhece-se a existência de mais de 2.400 (cerca de 55% da leptidopterofauna Ibérica).

A Borboleta do Medronheiro, cujas imagens podem ser observadas em baixo, é considerada a maior borboleta da Europa. A sua envergadura pode atingir mais de 80mm, sendo as fêmeas de maior porte. Possui duas caudas nas asas posteriores. Por isso os Ingleses conhecem-na pela designação comum de Two Tailed Pasha.

Pode ver-se desde o final do Inverno até ao princípio do Outono.

 O seu nome advém do facto de o medronheiro ser a sua planta hospedeira, de cujas folhas se alimentam, em exclusividade, as larvas desta espécie. No estado adulto é atraída por odores fortes, nomeadamente de excrementos e (sobretudo) de frutos muito maduros. Algumas das imagens foram obtidas quando se alimentava sorvendo o suco de um dióspiro.  Foi para mim muito interessante constatar uma curiosa competição entre borboleta e vespas e até mesmo moscas  (mantendo-se estas mais afastadas) em animada disputa pela posse do alimento. 

A fêmea põe ovos nas folhas da planta de forma dispersa quando dispõe de alimentos em abundância. Quando estes escasseiam põe até 12 ovos numa única folha. O ovo, com o diâmetro inicial de 2mm, passa por três colorações:  primeiro amarelo, depois adquire uma auréola castanha e termina com a cor castanho-terra.

Quando se verifica a eclosão, a lagarta mede 3mm de comprimento e cresce entre 1 a 3mm por dia. Ao fim de 10 dias já tem 19mm e nasce-lhe o primeiro olho. Ao 20º dia atinge os 33mm e surge o 2º olho.

O seu primeiro alimento é a casca do ovo, passando em seguida a alimentar-se das folhas do medronheiro. A princípio tem a coloração amarelo torrado, passando a verde-claro, torna-se mimética (com a mesma cor das folhas) aos cinco dias. A cabeça é provida de uma carapaça, com quatro cornos, que salta a cada mudança de pele.

Com 50mm a lagarta inicia a última fase da metamorfose. Nesta altura, certos parasitas perfuram a crisálida com o ovipositor e colocam os ovos no seu interior, aproveitando-se da imobilidade da lagarta. Esta pendura-se pelo cremaster no caule ou na parte inferior de uma folha, formando um círculo. Aguarda imóvel a retracção da pele, no sentido oposto à cabeça. Fica envolvida por uma cutícula que endurece e a protege até à eclosão do insecto perfeito. 

Reino:          Animalia
Filo:             Arthropoda
Classe:        Insecta
Ordem:        Leptidoptera
Família:       Nynphalidae
Subfamília:  Charaxinae
Género:       Charaxes
Espécie:      C. Jasius



                 Imagens captadas na Quinta da Casa Nova, em Cortiçadas, Montemor-o-novo