terça-feira, 26 de abril de 2016

Lacrau (ou Alacrau ou Escorpião)

(Buthus occitanus)
   Amoreux, 1789

Em Portugal é conhecido pela nome de lacrau ou alacrau. Tal como as aranhas e os ácaros, está incluído na classe dos aracnídeos.

Para que possa acompanhar o crescimento dos seus apêndices articulados o seu exoesqueleto quitinoso está sujeito a diversas mudas.

As aranhas e insectos fazem parte da sua dieta preferida, mas pode também alimentar-se de repteis e roedores de pequeno porte. Para a captura das presas de menor tamanho utiliza apenas as quelíceras, mas às de maiores dimensões injecta-lhes veneno com o seu aguilhão caudal. A ingestão dos alimentos processa-se de forma muita lenta, podendo durar uma a duas horas.

A sua actividade de predador é exercida preferencialmente à noite. De dia passa o tempo escondido debaixo de pedras ou em buracos.

O seu organismo é extremamente resistente a condições adversas, podendo viver em zonas áridas e com grandes amplitudes térmicas e pode sobreviver grandes períodos de tempo (dois ou até mesmo três anos) sem se alimentar.

No ritual de acasalamento a aproximação do macho à fêmea é feita com recurso a aviso prévio através da libertação de feromonas. Agarram-se pelas pinças como forma de se neutralizarem e  as caudas, levantadas, entrelaçam-se. Movem-se de um  lado para o outro, limpando a "pista de dança", até o macho expelir, para o chão o espermatóforo. Mantendo-se agarrados pelas pinças, a fêmea é empurrada até que o seu orifício genital fique em cima do espematóforo que acaba por ser por ela recolhido. Separam-se depois seguindo cada um sua direcção.

O escorpião é ovovivíparo, desenvolvendo-se os ovos fecundados no interior do corpo da mãe.

O seu corpo está divido em três partes: prosoma (parte anterior), mesosoma (mediana) e metasoma (caudal). As placas do prosoma estão fundidas e formam a carapaça, onde, a meio, se situam dois olhos medianos. Nos bordos ântero-laterais possui um grupo de dois a cinco olhos mais pequenos. O veneno é produzido por glândulas situadas no último segmento abdominal  que é dilatado e termina no aguilhão. As toxinas proteicas que constituem o veneno são de dois tipos: citotóxicas, que actuam localmente e neurotóxicas (hemolíticas, citolícas e hemorrágicas). O efeito do veneno varia de acordo com vários factores: idade e peso da vítima, espécie do animal e local da mordedura. O Buthus occitanus não é uma espécie muito perigosa. A picada provoca dor muito intensa e origina a formação de edema e pode provocar paralisação no membro atingido. Os sintomas podem ser de natureza diversa, como: hipotensão, cãibras, arrepios e ansiedade. O veneno,  é usado, como medida de defesa, com parcimónia, já que a sua utilização provoca um grande desgaste energético.

Apesar de possuir diversos olhos tem uma visão muito deficiente a ponto de um indivíduo não conseguir distinguir outro da mesma espécie a não ser por contacto. Em contrapartida tem um sentido do tacto muito desenvolvido, ajudado pela existência de pelos sensitivos ao longo de todo o corpo.

Das 1200 espécies conhecidas, apenas 30 são perigosas. Das 25 espécies do género Buthus  apenas o Buthus occitanus existe em Portugal e distribui-se por todo o território.

A vida de um escorpião pode chegar até aos 20 anos.

O seu tamanho pode variar de 1 a 20 cm, dependendo da espécie.

Há vestígios (fosseis) que atestam a existência de escorpiões há mais de 400 milhões de anos.

Reino:    Animália
Filo:       Arthropoda
Subfilo:  Chelicerata
Classe:   Arachnida
Ordem:  Scorpiones
Família:  Buthidae
Género:  Buthus
Espécie: B. occitanus

Imagens captadas na Quinta da Casa Nova, Cortiçadas de Lavre, Montemor-o-Novo